— Paulista de Ribeirão Preto, Ventura é poeta desde a infância, e fez seu primeiro poema moderno (“Tédio”) aos 14 anos. Do grupo dos chamados “poetas marginais” dos anos 70, época em que viveu no Rio e vendia seus poemas mimeografados no Teatro Ipanema, ele é, na opinião do romancista gaúcho Menalton Braf, “um dos maiores expoentes rimbaudianos entre nós”. Nesta luxuosa antologia, organizada pelo poeta e crítico literário Antonio Carlos Secchin e com prefácio do também poeta Carlos Nejar – ambos da Academia Brasileira de Letras – o melhor da produção poética do autor ganha a companhia de vinte belas ilustrações, assinadas por Francisco Amêndola, Marcos Irine, Tânia Jorge, Divo Marino e Carlos Alberto Paladini, além de 19 desenhos do próprio Ventura.
Quantidade
— Este livro de estreia da autora, seleção de 40 poemas produzidos entre 2000 e 2014, ganhou prefácio do poeta, crítico literário e acadêmico Antonio Carlos Secchin, que afirma: “Trata-se de um lirismo de entretons, avesso à grandiloquência, e que na contenção discursiva e na melancolia do desalento produz seus melhores frutos”. No posfácio, o professor Marcos Pasche, mestre em literatura brasileira pela UFRJ, assinala que “os versos simples e claros, que proporcionam leitura fluida e penetrante, contrastam com a atmosfera que formulam, marcada pelo que passou e ainda permanece, feito lâmina e sombra, na pele e na memória”. No texto de apresentação, o poeta Carlos Nejar, também membro da ABL, diz que a autora “pega as coisas pela mão da palavra, como a poesia quer. (...) Não pensa o verso; o verso é que a pensa”. Além do belo retrato na capa do livro, feito por Tânia Jorge, 41 desenhos coloridos de Marcos Irine ilustram a poesia de Débora Ventura.
— Advogado, doutor em Direito pela PUC/SP, presidente do PMDB, três vezes presidente da Câmara dos Deputados, vice-presidente de janeiro de 2011 a maio de 2016, quando se tornou presidente do Brasil, o paulista Michel Temer (Tietê, 23 de setembro de 1940) é autor de Constituição e Política, Territórios Federais nas Constituições Brasileiras, Democracia e Cidadania, Seus Direitos na Constituinte e Elementos do Direito Constitucional, este último com mais de 250 mil exemplares vendidos. Agora ele revela um outro lado: sua poesia, escrita em guardanapos de papel nas viagens aéreas entre Brasília e São Paulo. Alguns dentre os 120 poemas são dedicados a pessoas (“A Álvares de Azevedo”, “Afif”, “Tamer”, “Edu”, “Bergman e Antonioni”); outros expõem emoções e histórias íntimas. Na nota introdutória, o autor explica que, ao criá-los, “deixava a arena árida da política e me entregava, durante o voo, a pensamentos. (...) Cada escrito (...) me dava a sensação de retorno aos meus 15, 16 anos – época em que sonhava ser escritor”. Para o acadêmico Carlos Nejar, não está aqui o insigne jurista, e sim “uma sensibilidade que ilumina a inteligência ‘no reino das palavras’, o plural singular de um ‘Outro’ – o ‘Outro’ que o argentino universal Borges insistia em transfigurar”. Com belas ilustrações do pintor, gravador e desenhista paraibano Ciro Fernandes, e prefácio do jurista sergipano, também poeta, Carlos Ayres Britto, ex-presidente do STF.
— Apontado em muitos países como um dos cem melhores poemas do século XX, Briggflatts é um épico inspirado na vida do autor inglês (1900-1985), que imagina, 50 anos depois, como teria sido sua história, caso houvesse permanecido junto à moça por quem se apaixonara na adolescência. Único britânico inserido no movimento modernista de língua inglesa, liderado por Ezra Pound e T. S. Eliot, Bunting contou em suas memórias que escreveu 20 mil versos, reduzidos para 717 em sua versão final, publicada em 1966. Na apresentação a esta primeira edição brasileira, Nelson Ascher diz que, “mais do que uma boa tradução, é um verdadeiro manual de poética” o trabalho do tradutor Felipe Fortuna, poeta, diplomata e crítico, também responsável pelo longo e esclarecedor prefácio e pelas notas de rodapé.
INDISPONÍVEL
— Um dos mais interessantes capítulos da literatura de qualquer tempo, no Ocidente ou no Oriente, é o registro poético, em verso ou prosa, da experiência do cárcere. Desde Ovídio (43 a.C./18 d.C.), o poeta romano, passando por Máximo Gorki e Alexander Soljenítsin na Rússia moderna, os mais diversos motivos que levaram escritores e poetas à prisão resultaram em obras que são testamentos literários. No Brasil, não foram poucos os que, sob o cerceamento da liberdade, produziram textos pontuais. Reunindo poemas de temática lírica e – como não podia deixar de ser – de vertente notadamente política, este livro do ex-deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no mensalão e hoje em prisão domiciliar, revela o retrato íntimo de alguém que, diante da impossibilidade de atuação pública, recorreu à poesia para sobreviver. Com extrema coragem, ele discorre sobre o cotidiano na prisão (a penitenciária da Papuda, em Brasília), expondo as emoções de um homem em estado extremo, despido do poder, do direito de ir e vir, e de toda e qualquer vaidade. E soube fazer isso com poemas de alta qualidade.
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