CÉU EM CIMA / MAR EM BAIXO
Através da reiteração
do signo mar, este livro envolve o leitor na sinuosidade de uma
linguagem de puro desejo. Toda uma filosofia, toda uma ética
podem ser descortinadas das janelas que são estes poemas,
abertos para a celebração do radiante. O sol, o mar
em mim, eu-mar: céu. É um mar carioca e clássico
que alimenta e constrói a linguagem destes poemas. E a linguagem,
aqui entrevista pelos fiapos esvoaçantes e cantantes das
estrofes e versos, é linguagem do ser em plenitude, movendo-se
errante na fronteira entre o visível e o indizível.
Sempre admirei a poesia de Alex Varella e celebro sua re/aparição
na cena do poema contemporâneo. Uma poesia de meio-dia, de
sol a pino, de pele de cobre na beira do mar, uma poesia da vigília
alerta, como um referente seu em nossa tradição moderna,
a linhagem cabralina, que aqui se dissolve num hedonismo por assim
dizer ascético e num ceticismo calmo, porém fervoroso.
Fervoroso é seu amor pela beleza.
Italo Moriconi
O mar em todas as suas declinações. O mar é
o Leitmotiv desse livro. Não poderia ser de outra forma seu
conteúdo, pois o mar é um bom exemplo do Leitmotiv,
e, por extensão, do hipotético moto-perpétuo.
Do dia a dia da vida. Alex, com sua pena, lembra Pancetti com seu
pincel. Eles são geminados, têm o mar à mão,
o “mar de histórias” do pensamento. Parece que
um escreve enquanto o outro pinta, ou vice-versa, na tábua
das marés. Quietos, sabem, cada um, o seu calado: poucas
palavras e “o mar de uma pincelada só”.
Armando Freitas Filho
É a linguagem utilitária
do cotidiano que se revela artificiosa ante a fluência, a
naturalidade e a limpidez da dicção desse poeta que
tem “o coração e os olhos vestidos de calção”.
Antonio Cicero |