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EDITOR APOSTA EM DEMOCRACIA MAIS FORTE APÓS CRISE SEM PRECEDENTES

Zé Mario, da Topbooks, que editou sucesso de Roberto Campos, afirma que só o tempo dirá se Bolsonaro vai tornar País melhor fazendo o que o eleitor exigiu nas urnas

 


Zé Mario acha que, se Roberto Marinho estivesse vivo, teria evitado
atritos entre profissionais da Globo e candidatos no último pleito.
Fotos do acervo pessoal

“Se examinarmos a História  do Brasil no século 20, encontraremos inúmeros momentos de crise ética, política e econômica, e analistas ora  pessimistas, ora esperançosos quanto ao futuro. Nos últimos anos o País deparou com uma crise ética e moral sem precedentes, cujas consequências ainda não podemos avaliar em toda a sua dimensão porque continuamos a ser surpreendidos, quase diariamente, por revelações escabrosas. Mas penso que a democracia brasileira sairá fortalecida desse processo, e que os intelectuais e artistas podem desempenhar papel relevante como formuladores de ideias e alternativas para a crise que atravessamos”.

 

É isso que pensa José Mario Pereira, entrevistado do Blog do Nêumanne nesta semana. Dono da Topbooks, cujo terceiro lançamento foi seu maior sucesso de público e crítica – A Lanterna na Popa, livro de memórias de Roberto Campos que volta à moda com a escolha da equipe econômica do presidente eleito, Jair Bolsonaro, a cargo de Paulo Guedes – ousa agora fazer uma aposta arriscada. O último título lançado por sua editora é A Alma do Tempo, da lavra de um dos políticos mais importantes da História de nossa República, o mineiro Afonso Arinos de Mello Franco, com 1.780 páginas. E o faz neste momento complicado do mercado editorial, agravado pelo pedido de recuperação judicial de duas grandes redes livreiras, a Cultura e a Saraiva, com dívidas milionárias, e em meio à crise ética, econômica, financeira e política em que o País está imerso.

 

Mas nada disso o abala. “Temos excelentes livrarias, algumas maiores, outras menores, com ótima clientela e bem administradas. Talvez seja o caso de incentivar a criação de livrarias de bairro, pequenas, mas com bom estoque, com livreiros que  conheçam e gostem de livro. Frequento muito os sebos, alguns vendem livros novos também, e seus donos não reclamam de crise. As pessoas estão lendo mais, e vão aonde há novidades e preços razoáveis”, diz, justificando sua iniciativa.

 


Com Darcy Ribeiro, de quem foi amigo e com quem trabalhou, no
aniversário de 60 anos do antropólogo e político mineiro

Natural de Quixadá, Ceará, José Mario Pereira fundou a Topbooks em abril de 1990. Publicou, entre vários nomes importantes, Franklin de Oliveira, Otto Maria Carpeaux, José Paulo Paes, Luiz Costa Lima, Evaldo Cabral de Mello, Mary Del Priore,  Maria José de Queiroz, Roberto Campos, Afonso Arinos de Melo Franco, Olavo de Carvalho, Bruno Tolentino, Wilson Martins, Miguel Reale, Roberto Marinho, Nélida Piñon, Lêdo Ivo, Ivan Junqueira, Delfim Netto e José Neumanne Pinto. Também devolveu às estantes do País a obra de Manuel Bomfim e títulos há muito esgotados de Joaquim Nabuco, José Veríssimo, Oliveira Lima e Gilberto Freyre.

 

No plano internacional, lançou livros fundamentais, como a Areopagítica de John Milton, os Panfletos Satíricos de Swift, a Lírica de Dante,  Jerusalém Libertada, de Torquato Tasso, as Memórias de George Kennan, os Ensaios de David Hume e a obra completa de Rimbaud, traduzida por Ivo Barroso. O grande sucesso da Topbooks, que a tornou nacionalmente conhecida, é sem dúvida A Lanterna na Popa, livro de memórias de Roberto Campos, lançado em setembro de 1994. O volume de 1.417 páginas rapidamente virou best-seller e alcançou a marca de 100 mil exemplares vendidos.

 

Em 2002, Zé Mario – como é conhecido – foi convidado pelo Liberty Fund, de Indianápolis, nos Estados Unidos, para editar as traduções de dez livros do catálogo dessa prestigiosa fundação americana. Os primeiros títulos da coleção Liberty Classics começaram a chegar ao mercado brasileiro em novembro de 2003; um segundo programa, de mais dez títulos, foi aprovado em 2005, e já são 19 os livros editados. Como autor, Zé Mario escreveu  José Olympio – O Editor e sua Casa, duplamente premiado: ganhou o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, e o Prêmio Senador José Ermírio de Moraes, dado pela Votorantim, em parceria com a Academia Brasileira de Letras. Dono de imensa biblioteca, o editor da Topbooks é colaborador frequente de jornais e revistas literárias.

 


Nas festas da Academia Brasileira de Letras, Zé Mario se encontra com
personalidades como Fernando Henrique Cardoso e Maitê Proença

Nêumanne entrevista José Mario Pereira

 

Nêumanne – Qual seria, a seu ver, a principal causa da atual penúria por que passam as editoras de livros no Brasil: a crise econômica e financeira, que depaupera o País, ou a mudança no  hábito de leitura do livro em brochura pelo e-book, que ajudou a solidificar a de Jeff Bezos, o dono da Amazon?

 

José Mario — A situação aflitiva em que se encontram hoje as editoras brasileiras, especialmente as grandes, deve ser creditada às redes Cultura e Saraiva, que entraram na Justiça com pedido de recuperação judicial após consolidarem dívidas enormes. Segundo o Sindicato Nacional dos Editores (Snel), as duas, juntas, devem R$ 325 milhões às editoras. Mas li há pouco que a dívida total da Saraiva, que anunciou o fechamento de 20 lojas,  é superior aos R$ 600 milhões. Como pretendem quitar uma dívida tão alta reduzindo os pontos de venda? A inadimplência da Livraria Cultura com as editoras, pelo que apurei, supera os R$ 200 milhões. Essas duas redes exigiam entre 50% e 60% de desconto das editoras, prazos de pagamento de 90 dias e fretes pagos. Isso me faz desconfiar que estamos sendo vítimas de administrações levianas, para não dizer irresponsáveis.

 

Eu vejo muita gente falando mal da Amazon, mas preciso destacar que ela compra livros e não me consta que atrase pagamentos. Em relação ao e-book: ele surgiu junto com a ideia alarmista de que o livro em papel tinha os dias contados. Isso não aconteceu, nem o consumo de e-book atingiu um volume capaz de pôr em xeque a existência do livro tradicional.

 


Zé Mario com a mulher, a jornalista Christine Ajuz, e o humorista
Chico Anysio, também cearense, em seu ambiente favorito: a livraria

N –  Além de editor de livros impressos e e-books, o senhor é também um leitor voraz. Qual o produto que mais o atrai como consumidor: o de tinta sobre papel em brochura ou o dos dígitos eletrônicos?

 

JM – Eu cresci lendo livros em papel, e continuo fiel a isso. Assim que surgiu o kindle, ganhei um de presente e tentei usá-lo. Mas logo notei que apreendo melhor o conteúdo tendo em mãos o livro de papel, e então o larguei. Reconheço, contudo, que ele é excelente em viagens, e também ideal, por questões de espaço, para armazenar enciclopédias e obras de referência.

 

N – Como rato de livraria confesso, que frequentou as lojas mais históricas e tradicionais do Rio desde que chegou à cidade, como a célebre José Olympio, e agora cliente das filiais das grandes redes, o que tem a observar sobre o negócio livreiro, que, neste momento, sente o impacto terrível da quebradeira de grandes empresas como Fnac, Cultura, etc.?

 

JM — O ocaso das empresas que menciona sinaliza a necessidade, por parte do mercado editorial, de se pensarem formas alternativas de distribuição. Não podemos ficar mais a reboque de livrarias que exigem muito e quando entram em agonia levam junto o mercado editorial. Quem sabe um regime de cooperativa, em que os editores se juntassem para administrar diretamente a venda de seus livros? Creio também que o investimento em mídia digital, com a criação de sites de conteúdo capaz de atrair leitores e compradores, pode ajudar muito na estabilização da saúde financeira das editoras.

 


No lançamento do maior sucesso da Topbooks: A Lanterna na Popa,
de Roberto Campos

N – Recentemente tomei um susto quando li nos jornais que as livrarias estão falindo, mas a venda de livros aumentou este ano. Qual a explicação para esse  fenômeno e em que ele afeta o negócio editorial?

 

JM — O pedido de recuperação judicial da Cultura e da Saraiva e a revelação dos altos valores de suas dívidas criaram o sentimento de que a crise do setor é total e irreversível. Mas não sou tão pessimista assim. Temos excelentes livrarias, algumas maiores, outras menores, com ótima clientela e bem administradas. Talvez seja o caso de incentivar a criação de livrarias de bairro, pequenas, mas com bom estoque, com livreiros que  conheçam e gostem de livro. Frequento muito os sebos, alguns vendem livros novos também, e seus donos não reclamam de crise. As pessoas estão lendo mais, e vão aonde há novidades e preços razoáveis.

 

N – Como espectador participante da cena cultural brasileira, tendo amigos na Academia Brasileira de Letras, o que tem a dizer aos  leitores do Blog do Nêumanne sobre o impacto negativo que a crise ética, política, econômica pela qual passamos está tendo sobre a  arte, o pensamento e a cultura nacional?

 

JM — Se examinarmos a História do Brasil no século 20, encontraremos inúmeros momentos de crise ética, política e econômica, e analistas ora  pessimistas, ora esperançosos quanto ao futuro. Nos últimos anos o País deparou com uma crise ética e moral sem precedentes, cujas consequências ainda não podemos avaliar em toda a sua dimensão porque continuamos a ser surpreendidos, quase diariamente, por revelações escabrosas. Mas penso que a democracia brasileira sairá fortalecida desse processo, e que os intelectuais e artistas podem desempenhar papel relevante como formuladores de ideias e alternativas para a crise que atravessamos.

 


O editor da Topbooks com Roberto Marinho e seu homem de confiança,
o advogado cearense Jorge Serpa, nos 80 anos do dono das
Organizações Globo

N – O seu convívio intenso com intelectuais e artistas foi, de alguma forma, abalado pelo clima de hostilidade que cercou a disputa eleitoral de outubro?

 

JM — Nunca deixei que opiniões políticas interferissem no meu convívio com as pessoas. Sempre tive amigos das mais diversas colorações ideológicas. Convivi com Darcy Ribeiro e Roberto Campos, com José Guilherme Merquior e Leandro Konder, e aprendi muito com todos eles. Tenho em alta conta uma recomendação de Isaiah Berlin que vale também nas relações pessoais. Ele dizia que é recomendável ler os pensadores com os quais intuímos não concordar. Segundo o autor de Pensadores Russos, é importante examinar como raciocina o nosso adversário ideológico, pois temos mais a aprender com quem pensa diferente do que com os nossos iguais.

 

N – Sendo amigo de Paulo Marinho e Olavo de Carvalho, pessoas próximas do presidente eleito, sente-se à vontade para dar uma opinião sobre Jair Bolsonaro, ex-capitão e deputado federal que derrotou no voto o maior mito político da História do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, valendo-se das redes sociais, sem campanha milionária, tempo no horário obrigatório de propaganda no rádio e na televisão, a ida a debates nos meios de comunicação – afora ter sido forçado a sair das ruas por causa do atentado que sofreu –, sem esquecer o custo baixíssimo com que superou máquinas partidárias, o poder dos governos e das velhas raposas manhosas da política tradicional?

 

JM — Nunca estive com o presidente eleito, mas alguns amigos que o conhecem de perto me garantem que ele sabe ouvir, é divertido e está imbuído de um desejo verdadeiro de mudar o País para melhor, de combater a corrupção. Isso só o tempo dirá. Por enquanto, é louvável o fato de ter dado plenos poderes ao Paulo Guedes para montar sua equipe, assim como o convite a Sergio Moro para a pasta da Justiça. O que lamento é ele ainda não ter feito nenhum gesto relevante no sentido de dinamizar a vida cultural do País, seja acenando para um diálogo produtivo com a comunidade intelectual e universitária, seja examinando a maneira mais eficaz de melhorar as condições e o acervo de nossas bibliotecas e nossos museus. Se me fosse possível sugerir algo ao novo governo, eu proporia a refundação do Instituto Nacional do Livro e também a do Conselho Federal de Cultura, do qual fizeram parte o ficcionista Guimarães Rosa e o sociólogo Gilberto Freyre.

 


Com a atriz Fernanda Montenegro, com quem o editor costuma
conversar sobre arte e cultura

N – O que o senhor, editor e amigo de Roberto Campos, achou da escolha, por Paulo Guedes e Jair Bolsonaro, do neto do grande liberal para a presidência do Banco Central?

 

 JM — Gostei da escolha de Roberto Campos Neto. Sei que se trata de profissional competente e respeitado, com longa experiência no mercado, além de ser filho do meu amigo Bob Campos. Esteve por anos no banco Santander. Nessa escolha há que ressaltar o simbolismo de termos no comando do Banco Central o neto do seu idealizador. Desejo-lhe sucesso.

 

N –  Um de seus grandes mestres foi Darcy Ribeiro, cuja memória frequentemente reverencia. Ancorado nos  anos de convívio com ele,  se arriscaria a dar palpite sobre como o antropólogo e político, de humor ácido e sutil, estaria reagindo à  pendenga política de hoje?

 

 JM — Darcy era dono de uma inteligência irreverente e questionadora. Se ainda se encontrasse entre nós, creio que estaria certamente indignado com algumas propostas sobre a educação, os índios, a Amazônia e o meio ambiente que vêm sendo postas em circulação pelo presidente eleito e por alguns de seus colaboradores. Darcy dedicou parte de sua vida ao estudo dos índios e um de seus heróis era Rondon. No plano educacional, seu grande incentivador foi Anísio Teixeira. Mas há um mantra de Bolsonaro com o qual Darcy fecharia: o combate à corrupção, que desvia dinheiro da saúde e empobrece a população do País.

 


Com o poeta, tradutor e crítico Ivan Junqueira (1934-2014),
seu grande amigo

N – No lado oposto do espectro ideológico, qual seria, a seu ver, a postura, em face dessa polarização, de  duas personalidades com as quais conviveu de perto: o grande ensaísta e diplomata  José Guilherme Merquior, que a esquerda detestava, e o jornalista Roberto Marinho, cuja empresa de comunicação esteve envolvida  no calor dos debates?

 

 JM — Merquior foi diplomata de carreira e um dos maiores ensaístas literários que o Brasil produziu. Com o passar dos anos, deixou de lado o esquerdismo da juventude e adotou uma visão liberal moderna, muito influenciada pela leitura de autores como Raymond Aron, Norberto Bobbio, Karl Popper e Ernst Gellner. Certamente estaria atento às propostas do novo governo, escrevendo nos jornais sobre temas da pauta contemporânea, e trocando ideias com pessoas como o futuro ministro Paulo Guedes, que conhece bem a doutrina liberal, tanto no plano econômico como no social.

 

Quanto ao dr. Roberto Marinho, se ele ainda estivesse no comando das Organizações Globo, teria acompanhado a última eleição de perto. Ele era muito curioso e tinha obsessão por informação. Quando se interessava por alguém que não conhecia, tratava de encontrar quem fizesse a ponte e, então, convidava a pessoa para uma conversa cara a cara. Gostava de tirar suas próprias conclusões: depois de ouvir atentamente seus assessores, cuidava de confrontar as opiniões que tinha recebido com as próprias. Pediu-me que o apresentasse a Luiz Carlos Prestes porque o jornal O Globo havia apoiado a Coluna Prestes. Fiz isso e a conversa entre eles foi civilizada. Quando Prestes morreu, fui eu que lhe dei a notícia; ato contínuo apanhou um bloco em cima da mesa e começou a redigir um pequeno editorial sobre o líder comunista.

 


Com Roberto Carlos nos 80 anos de Boni, amigo dos dois

Dr. Roberto convidou Lula para ir ao jornal durante a campanha contra Collor. Acompanhei parte da conversa, da qual participaram também o advogado Jorge Serpa e Aloizio Mercadante, que chegou lá acompanhando Lula. Ao final do encontro, o dono das Organizações Globo fez questão de autografar um livro seu para o ex-líder sindical e na despedida eles se abraçaram. Dr. Roberto também escreveu sobre esse encontro.

 

Penso que ele teria convidado Bolsonaro para uma conversa tão logo percebesse que o capitão tinha chances reais de vitória. Sabia ouvir, ponderar e discordar com charme. O interlocutor se sentia prestigiado. Ele não falava alto, mas tinha autoridade. Até o fim da vida acompanhou com interesse tudo o que acontecia à sua volta. Se via na primeira página de O Globo uma foto de que não gostava, imediatamente chamava o editor e reclamava. Se estava em casa e assistia no Jornal Nacional a algo que considerava fora do compasso, ligava de imediato para a emissora e exigia ênfase ou moderação. Se estivesse vivo, teria tratado de evitar, sem prejuízo da informação, muitas das tensões que se estabeleceram entre jornalistas de suas empresas e candidatos, na última disputa eleitoral.

 

Publicado no Blog de José Nêumanne em O Estado de S. Paulo em 28/11/2018.


SEPARAR O ESSENCIAL DO ACESSÓRIO

 

Alvaro Costa e Silva

 

O proprietário da Topbooks, José Mario Pereira, acompanha a movimentação do mercado de livros desde 1974. Levando em consideração esta experiência, ele afirma: “O mundo editorial mudou muito. Havia um saudável romantismo na profissão de editor. Hoje eu noto uma tendência, pelo menos por parte da mídia, de privilegiar, no que tange ao mundo da edição, o econômico em detrimento do cultural. Se um livreco de ocasião vende muito, independente do valor literário, é certo que vai ganhar maior espaço que o livro de qualidade”.


O publisher da Topbooks teve o início de sua carreira marcado pelo contato com o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda. A partir disso, passou a frequentar a editora Nova Fronteira, que editava o Dicionário Aurélio. O proprietário da Nova Fronteira, Carlos Lacerda, autorizou o funcionário responsável pelo setor de expedição a entregar a Pereira um exemplar de todos os livros ali editados que desejasse. “O primeiro que ganhei, e que me impressionou muito, foi Memórias, sonhos e reflexões, do Jung”, conta.


Nesta entrevista, Pereira comenta outros momentos de sua trajetória, e afirma o que — em sua opinião — é um bom texto literário: “É aquele que se lê com agrado e que convoca à reflexão. Um bom autor maneja bem os recursos de sua língua, e dialoga ao mesmo tempo com a tradição e com os seus contemporâneos”. Ele também define o que é um editor: “Para mim um editor tem de ser, antes de tudo, um bom leitor. Depois, é recomendável que esteja informado sobre o que se publicou e se publica no seu país e nos principais centros de cultura. Eu aprendi muito indo a sebos, boas livrarias, lendo a respeito dos temas mais variados, e conversando com editores mais velhos”.


O editor da Topbooks conta que foi sua curiosidade que o levou a frequentar sistematicamente livrarias, atitude que lhe permitiu entender a diferença entre o essencial e o acessório.


Fotos: Daniel Ramalho

 

O que podemos destacar de significativo no mercado de edição de livros no Brasil dos últimos 40 anos?  
Eu comecei a acompanhar o mundo editorial já no final de 1974, época em que cheguei ao Rio de Janeiro. Sou do Ceará. A razão disso se deve à minha sorte de ter conhecido, no mesmo mês em que aqui desembarquei, o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda, que ficou meu amigo e me convidou para trabalhar com ele no escritório do seu dicionário. Devido à minha proximidade com Aurélio, passei a frequentar a editora Nova Fronteira, que editara o seu dicionário, e que era então dirigida por Carlos Lacerda, seu fundador e dono. Foi ele quem, ao notar meu interesse por livros, autorizou o funcionário responsável pelo setor de expedição a me dar um exemplar de todos os livros ali editados que eu desejasse. O primeiro que ganhei, e que me impressionou muito, foi Memórias, sonhos e reflexões, do Jung. Terminado o trabalho com Aurélio Buarque de Holanda, fui para a Imago, do psicanalista Jayme Salomão, cujo editor era Pedro Paulo de Senna Madureira, que logo depois de deixar o seminário trabalhara na editora Bruguera e no escritório da Enciclopédia Delta como assistente de Antônio Houaiss. O tempo que passei como revisor na Imago foi importante para mim, tanto pelas leituras, quanto pelo convívio com uma equipe excelente, e da qual eu era o integrante mais jovem. Foi lá, por exemplo, que conheci Otto Maria Carpeaux, amigo de Pedro Paulo. Também lá conheci Adélia Prado, pois foi a Imago que editou o seu livro de estreia, Bagagem. Tendo o catálogo da Imago como baliza, passei a examinar tudo que se publicava, indo às livrarias diariamente. Desde o primeiro momento me entusiasmou o catálogo da Perspectiva, o da Civilização Brasileira, o da Paz e Terra, o da Brasiliense, o da Francisco Alves, o da Zahar, o da Vozes, para só citar algumas das editoras que nesse período estavam em plena atividade. Esse acompanhamento sistemático de tudo que chegava às livrarias me treinou no sentido de saber perceber a diferença entre o essencial e o acessório. Afora isso, eu ia muito aos sebos, às noites de autógrafos, onde conheci muita gente, e logo passei a ter acesso a importantes bibliotecas, tanto de instituições, como a Academia Brasileira de Letras, quanto de amigos, como Paulo Rónai e Evaristo de Moraes Filho. O editor que eu me tornei nasceu da confluência desses fatores.

 

Contextualize o momento atual e ao mesmo tempo nos conte sobre a sua própria trajetória, misturando os dois aspectos da questão.
O mundo editorial mudou muito desde os anos 1970. Havia então um saudável romantismo na profissão de editor. Hoje eu noto uma tendência, pelo menos por parte da mídia, de privilegiar, no que tange ao mundo da edição, o econômico em detrimento do cultural. Se um livreco de ocasião vende muito, independente do valor literário, é certo que vai ganhar maior espaço que o livro de qualidade. Houve também um encolhimento do espaço nos jornais para a divulgação de livros. Alguns importantes suplementos deixaram de circular, e muitas vezes obras relevantes são entregues a estagiários, quando antes os jornais convidavam professores e especialistas na matéria. Atualmente é comum o jornal pedir à editora a cópia de um livro que só será publicado meses depois e, a partir dela, fazer uma nota rápida anunciando a publicação, mas quando o livro sai não se interessam em publicar uma resenha, alegando que já deram matéria antes. Eu tive a sorte de ainda poder ver circular alguns importantes veículos dedicados à divulgação de livros e temas culturais. Lembro-me com saudade, entre outros, do suplemento “Cultura”, de O Estado de S.Paulo, em forma de tabloide; do “Folhetim”, da Folha de S.Paulo; e do caderno cultural do Jornal da Tarde

 

Qual foi seu grande acerto ao longo da carreira de editor, um fato que o tenha deixado orgulhoso?
Penso que foi ter aceitado o desafio de publicar A lanterna na popa, de Roberto Campos, em setembro de 1994, com pouco dinheiro, mas sem impor ao autor nenhuma redução no seu texto. Um livro que gostei de ter devolvido ao mercado foi D. João VI no Brasil, de Oliveira Lima, então esgotado há mais de 50 anos. Outro autor cuja obra principal pus de volta em circulação foi o sergipano Manoel Bomfim.

 

E qual o seu maior arrependimento como editor?
Eu sempre trabalhei com pouco dinheiro, sem capital de giro, sem sócio. Vez por outra consigo a ajuda de algum amigo para coeditar uma obra ou outra, mas no geral tenho de reinventar permanentemente a roda. A atividade de qualquer editora é limitada ou potencializada pelos recursos financeiros de que ela dispõe. Mesmo a obra de Leonardo da Vinci e a de Michelangelo se beneficiaram da ajuda de mecenas. Então não tenho arrependimento, só consciência dos meus limites. Isso às vezes angustia, mas toda profissão carrega consigo a sua cota de frustração. O importante é não desanimar, e ficar atento às oportunidades.

 

Como se forma um editor?
Para mim um editor tem de ser, antes de tudo, um bom leitor. Depois, é recomendável que esteja informado sobre o que se publicou e se publica no seu país e nos principais centros de cultura. Eu aprendi muito frequentando sebos, boas livrarias, lendo a respeito dos temas mais variados, e conversando com editores mais velhos. Mas a verdade é que não existe uma receita pronta para se fazer um grande editor. O dia a dia vai moldando o profissional. É de se esperar, no entanto, que todo editor seja curioso e tenha um quê de psicanalista, porque às vezes nos deparamos com autores carentes, que demandam atenção redobrada.  

 

Há crescimento do número de editoras (e, portanto, de livros publicados, o que é uma tendência mundial), mas sem um crescimento equivalente, no Brasil, no número de leitores. Como fazer?
A todo momento surgem novas editoras, muitas delas artesanais, que publicam livros de qualidade mas com tiragem pequena, às vezes de apenas 50 ou 100 exemplares. Tenho visto também que jovens escritores passaram a imprimir os próprios livros, em tiragens definidas em função da venda previamente garantida. É importante observar que muitos desses livros não chegam às livrarias. Até o começo dos anos 1980, o normal para qualquer livro era uma tiragem mínima de cinco mil exemplares, mas depois isso baixou para três mil, e hoje é usual se fazer edição de apenas mil exemplares. Então eu penso que temos mais editoras, mais títulos, e menos exemplares impressos. Até em função do custo de armazenamento, as editoras tendem hoje a produzir tiragens menores. Uma vez entrei numa livraria em Barcelona e comentei com o dono que não entendia o fato de ver tantos livros novos e, ao mesmo tempo, ler nos jornais que havia diminuído o número de leitores na Espanha. “Quem então consome as novidades que vejo nesta mesa?”, perguntei. O livreiro me respondeu de imediato: “Quien garante nuestra existencia son drogadictos como usted”. Ou seja, me parece que é assim que funciona o sistema editorial, aqui e lá fora. Para cada inapetente existe alguém que compensa isso lendo muito, e consumindo mais. Acho, porém, que o governo, as escolas, o Sindicato Nacional dos Editores, as emissoras de televisão deveriam unir forças para fomentar o interesse pela leitura e pelos livros em todo o país.  

 

Qual o papel dos fenômenos editoriais? E o das chamadas “tendências” (livros para colorir, livros de youtubers)?
É da essência das modas o fato de chegarem com muita força, e desaparecerem a seguir. O livro para colorir sempre existiu, mas aí houve uma repaginação do produto, e ele teve um reaquecimento, que já chegou ao fim. Agora vivemos a temporada dos youtubers. Ela também esmaecerá com o tempo, e outra moda tomará o seu lugar. A pergunta que merece ser posta é: que literatura é essa? Tem qualidade literária? Trata-se de algo que só funciona no veículo eletrônico, ou seria levado em consideração se publicado em forma de livro?

 

Os editores brasileiros colocam a mão na massa, modificam os textos de ficção que recebem, sugerem mudanças aos autores? 
Eu creio que todo bom editor pode ajudar um autor, sugerindo mudanças ou acréscimos em seu texto, e até mesmo cortes maiores ou menores. Ezra Pound fez isso com The waste land, de Eliot, e o editor de Raymond Carver também. No Brasil há um caso interessante de título mudado pelo editor: Vidas secas, de Graciliano Ramos, originalmente se chamava Um mundo coberto de penas. José Olympio e seu irmão Daniel convenceram mestre Graça a mudar esse título comprido. Um editor com o qual trabalhei e que ajudou a melhorar muitos romances nacionais, reordenando, cortando ou fundindo capítulos, foi Pedro Paulo de Senna Madureira. Ele também retocava traduções. Fazia isso sempre à mão, usando caneta tinteiro. Ele ficava horas a fio na Nova Fronteira, revendo, cortando, emendando, melhorando originais de escritores hoje famosos. Uma delas depois virou best seller. Eu ouço e leio que Luiz Schwarcz sugere mudanças e cortes em obras de muitos de seus autores, e que eles agradecem por isso. 

 

O que é um texto literário bom?
É aquele que se lê com agrado e que convoca à reflexão. Um bom autor maneja bem os recursos de sua língua, e dialoga ao mesmo tempo com a tradição e com os seus contemporâneos.

 

O que é um texto literário ruim?
É aquele que não tem ritmo, humor, ironia, agride a gramática, usa vocabulário démodé ou pernóstico, e não deixa eco na mente do leitor. 

 

Que livros jamais publicados no Brasil gostaria de publicar?
São tantos os livros que um editor quer fazer e não faz, seja porque tem outras prioridades, seja porque a vida é curta... Mas vou citar alguns que eu editaria, se pudesse: um alentado volume com os aforismos de Lichtenberg; o Samson Agonistes, de John Milton; um livro de Joseph Leo Koerner, como The reformation of the image; uma reunião dos principais ensaios de Kenneth Burke; a trilogia On what matters, de Derek Parfit, o grande filósofo inglês que morreu no dia 1º de janeiro de 2018, etc.

 

Como vê a disputa entre o livro eletrônico e o livro de papel?
Desde que começaram a falar obsessivamente do livro eletrônico, e de que o livro em papel estava com os dias contados, achei essa conversa sem fundamento. Considero o livro eletrônico útil para acondicionar grandes enciclopédias, dicionários e obras de referência, mas ele não ameaça o livro em papel, não. As estatísticas recentes, tanto no Brasil como no exterior, mostram que o consumo do livro eletrônico não tem crescido como os alarmistas anunciavam. Umberto Eco ainda teve tempo de refletir sobre essa “ameaça” do livro em plataforma digital ao livro em papel; ele escreveu com muita lucidez sobre o tema, e em nenhum momento pensou em se desfazer de sua preciosa biblioteca de mais de 40 mil volumes. Acho que um e outro coexistirão sempre.

 

O que pode nos dizer sobre as compras de livros feitas pelo governo?
Durante anos eu ouvi falar de editoras com mais conexões que outras em se tratando de vendas para o governo. Já me comentaram até de editoras que contratavam despachantes para agilizar negociações com o FNDE e outros órgãos compradores. Não sei o quanto de boato há em afirmações como essas, embora se saiba, pelos jornais, de escândalos no setor. Seria recomendável a transparência na elaboração das listas de compras. Quem escolhe? Com que critérios? Como o governo adquire 20 mil exemplares de um romance num ano, e no seguinte compra mais 20 mil iguais se não aumentou o número de bibliotecas públicas na mesma quantidade? O ideal seria que essas compras fossem feitas tendo por base a constituição de uma Biblioteca Básica Brasileira que pudesse existir em todos os cantos do país, e que os compradores equilibrassem a seleção dos títulos de modo a não privilegiar uma editora em detrimento da outra. Seria igualmente saudável que o FNDE ficasse atento ao trabalho das pequenas editoras e estimulasse o seu desenvolvimento.

 

Você pesquisou e escreveu um livro sobre a história da José Olympio que ganhou prêmios. Qual a importância dessa editora para a vida cultural do Brasil?
A José Olympio foi uma das maiores editoras do Brasil. Devemos muito a ela e ao seu fundador, José Olympio Pereira. A Casa, como era chamada, publicou não só os grandes escritores e ensaístas do país, como também o melhor da literatura universal. José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Gilberto Freyre, Guimarães Rosa, Tolstoi, Dostoié­vski, Melville, Dickens, Jane Austen, Rilke, para só citar alguns, foram editados pela José Olympio em excelentes traduções, e belamente ilustradas. O padrão de qualidade que a J.O. imprimiu a suas publicações enriqueceu a paisagem cultural do Brasil.  

 

Que figura mais lhe impressionou como editor? Pedro Paulo de Senna Madureira? Como entende o fato de ele não estar mais no mercado?
Eu me tornei amigo de Pedro Paulo na segunda metade dos anos 1970. Desde então acompanhei sua trajetória como editor brilhante e ousado. Na Imago ele publicou não só o primeiro livro de poemas de Adélia Prado, mas também Ana Maria Machado, Paul Ricouer e Hans Küng. Na Nova Fronteira, lançou Italo Calvino, Kundera, Faulkner, Proust, Norman Mailer, Gore Vidal, Marguerite Yourcenar, Thomas Mann, Hermann Broch e Umberto Eco. Na Guanabara, publicou, entre outros, Max Frisch e uma notável antologia de poetas gregos em tradução de José Paulo Paes. Na Siciliano, Pedro Paulo continuou a editar obras de grande qualidade, nacionais e estrangeiras, de Rachel de Queiroz a Faulkner. Alguém da qualidade intelectual de Pedro Paulo não estar na ativa, como editor ou consultor editorial, mesmo levando-se em conta uma ou outra excentricidade sua, é algo que merece reflexão, e deve ser lamentado. 
                                                                            

Entrevista publicada no livro Os Editores (Biblioteca Paraná, 2018).


O MELHOR LIVRO DO ANO DE 2008

No dia 2 de abril de 2009, a Academia Brasileira de Letras elegeu por unanimidade, como melhor livro do ano de 2008, José Olympio – O editor e sua Casa, escrito por José Mario Pereira e publicado pela Sextante, editora pertencente à família de José Olympio Pereira Filho (clique aqui para ver o que saiu na imprensa).

No parecer, a Comissão Julgadora, composta por Domício Proença Filho (relator), Eduardo Portella, Tarcísio Padilha, Hélio Jaguaribe e João de Scantimburgo, destacou que "o autor é também editor, como o seu biografado. (...) E conhece fundamente a matéria que trabalha. Seus textos deixam claro o alto nível de sua formação e das leituras com que a sedimenta. (...) A outorga do prêmio traduzirá o reconhecimento à sua dedicação ao livro, à divulgação da literatura e à causa da Cultura no Brasil" (leia a íntegra do parecer). Na carta em que comunicou o prêmio ao vencedor, o presidente da ABL, Cícero Sandroni, informou que a decisão foi unânime (veja a carta da ABL).

Curiosamente, 10 anos antes o crítico literário Wilson Martins, em sua coluna então publicada no caderno Prosa & Verso, de O Globo, comparava o dono da Topbooks a José Olympio (na foto ao lado). Ele iniciou o texto dizendo que "os grandes editores distinguem-se das editoras puramente comerciais por exercerem uma missão civilizadora"; e depois de separar (ou mesmo opor) "o editor propriamente dito (o que sabe avaliar a qualidade, e não apenas a vendabilidade do que publica)" das "empresas que se dedicam à fabricação de livros", prosseguiu: "Se Lobato foi o editor dos anos 20 e José Olympio o dos anos 30 (cuja "Casa" sobreviveu ao seu momento de glória), os anos 60 seriam de Ênio Silveira e seu irreprimível tropismo político (...). Nos anos 90, José Mario Pereira restabeleceu a tradição editorial no sentido nobre da palavra. Não veio para suceder aos nomes do passado, mas para substituí-los" (leia o artigo inteiro).

O prêmio foi entregue no dia 25 de junho de 2009, numa bela cerimônia em que a ABL também festejou os 170 anos de nascimento de Machado de Assis. Clique aqui para ler os discursos.


EDIÇÃO DE POESIA COMPLETA 1940-2004, DE LÊDO IVO

Depoimento do editor José Mario Pereira, da TOPBOOKS

Rio de Janeiro - 25/09/2004

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VOCAÇÃO: EDITOR
Ipojuca Pontes

O cearense Zé Mário, em 13 anos, fez da TOPBOOKS uma das maiores editoras brasileiras

TRIBUNA DA IMPRENSA
Rio de Janeiro
12/12/2003

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ESTANTE ESTRELADA
JOSÉ MARIO PEREIRA: A VIDA DELE DÁ UM LIVRO

Ele coleciona amigos poderosos - foi amigo de Darcy Ribeiro, Aurélio Buarque de Holanda e Rachel de Queiroz - e histórias incríveis. Conheça melhor um dos editores mais talentosos do país.

Revista QUEM, da editora Globo
Rio de Janeiro
14/11/2003

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UM SALTO DE QUALIDADE
Cecília Costa

"Para fazer bons livros, faço pacto até com o diabo”, afirma o editor José Mário Pereira, dono da TOPBOOKS. Felizmente, este pequeno grande Fausto, leitor voraz de jornais e devorador noturno de obras sociológicas, filosóficas, biografias ou grandes romances, não precisou vender a alma a Mefistófeles e assinar com o próprio sangue um contrato que o levaria ao Inferno.

Caderno Prosa e Verso
O GLOBO

Rio de Janeiro
01/11/2003

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EDITORAS E EDITORES
Wilson Martins

0s grandes editores distinguem-se das editoras puramente comerciais por exercerem uma missão civilizadora. Como, em nossos dias, os conglomerados econômicos gigantes, em busca de diversificação, adquiriram praticamente todas as editoras tradicionais, na Europa e nos Estados Unidos ...

O GLOBO
Rio de Janeiro
26/06/1999

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ENTREVISTA COM O EDITOR DA TOPBOOKS, SOBRE GILBERTO FREYRE

Quando era editado por José Olympio, Gilberto Freyre sonhou com uma coleção de todas as suas obras, que não pôde ver realizada. A “Gilbertiana” nasce 13 anos após a sua morte, por iniciativa de outro José, o José Mário Pereira, da TOPBOOKS, do Rio de Janeiro. A partir de maio, saem os primeiros volumes de uma série de dez programada para concluir-se em dois anos. Nesta entrevista, o editor fala de sua amizade com Freyre e das edições que fará.

JORNAL DO COMMERCIO
Recife
15/03/2000

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