PELA MOLDURA DA JANELA
Escrever é uma atividade silenciosa
e solitária que exige reflexão e conhecimento dos
sentimentos fundamentais da alma humana, pois, através da
transformação da palavra usual em linguagem literária,
cenas do cotidiano e pessoas comuns revelam-se originais e surpreendentes.
Em seu texto “Escritores criativos e devaneios”,
Freud tentou analisar o processo de criação literária
a partir da indagação: “...de que fontes esse
estranho ser, o escritor criativo, retira seu material, e como consegue
impressionar-nos com o mesmo, e despertar-nos emoções...”.
E concluiu afirmando que “o escritor faz o mesmo que a criança
que brinca”.
Este novo livro de contos da escritora Lourdinha
Leite Barbosa é fruto de uma “brincadeira” estética
que exigiu muito engenho e arte, muito diálogo interno e
refinado senso de percepção. Em cada novo conto transparece
sua habilidade de construir personagens, desembaraçar mistérios
e desenredar sentimentos. Sua matéria-prima são as
vivências e as relações dos sujeitos com seus
objetos internos e externos.
Lourdinha é capaz de mergulhar fundo para
em seguida voltar à tona. Fui sua companheira em vários
mergulhos simbólicos e pude constatar que, a cada vez que
ela emerge, volta renovada, trazendo novos pensamentos e ideias
apuradas. Daí a um novo livro – como este Pela moldura
da janela – é só uma questão de tempo.
Assim ela caminha e vai deixando sua marca, não
só como contista, ensaísta e autora de artigos publicados
em livros e revistas especializadas, mas também como renomada
professora de literatura e língua portuguesa. Além
disso, fez um excelente trabalho durante o período em que
presidiu a Academia de Letras e Artes do Nordeste / Ceará
e, juntamente com os acadêmicos, criou a revista Urupema,
da qual foi editora.
Winnicott também se interessou pela atividade
lúdica que, segundo ele, é “necessária
ao artista” e está presente em qualquer pessoa que
invente possibilidades de interpretar diferentes situações.
Convido, então, os leitores a tornarem-se coautores desta
“brincadeira” de transfigurar a realidade através
da invenção.
Beatriz Jucá / Psicóloga
Os contos desse livro [Prêmio
Milton Martins, da Academia Cearense de Letras] são a
aventura do humano. Os aparentemente pequenos — no entanto,
intensos — dramas existenciais motivam os enredos, fornecem
o tom com que se revestirá cada narrativa. A linguagem surge
naturalmente bem-cuidada; as palavras, postas no corpo das frases,
deixam exalar musicalidade, ritmos que nos emocionam, que nos põem
em deleite.
Laéria Fontenele / Psicanalista
e professora do Curso de Psicologia da UFC, em nota introdutória
a este livro
É principalmente a alma feminina
que se encontra no centro das atenções da autora:
é a grandeza trágica da condição de
ser mulher. (...) Quase sempre uma mulher que luta e encontra uma
saída e um novo motivo para continuar a viver. É justamente
nas narrativas que expressam a condição feminina que
a sensibilidade criadora de Lourdinha Leite Barbosa mais se patenteia.
Vicência Maria Freitas Jaguaribe
/ Professora da Universidade Estadual do Ceará, sobre
livro anterior da autora
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