O LABIRINTO DE ORFEU
Ao lado do acervo de 146 sonetos do próprio
autor, este livro permite uma dupla leitura: para os interessados
e curiosos, um agradável passeio sobre como se escreve poesia,
enriquecido pela diversidade das citações; para os
estudiosos, um vasto material de reflexão sobre os procedimentos
da construção de um poema, e não apenas do
soneto, que constitui, no entanto, seu objetivo principal.
Em O LABIRINTO DE ORFEU, o autor reafirma
as qualidades de pesquisador já evidenciadas em Gregório
de Matos, o Boca de Brasa: um estudo de plágio e criação
intertextual (Petrópolis, Vozes, 1985), referência
nacional no estudo da poesia barroca.
De forma convincente e objetiva, ele evidencia
aqui a importância da poesia na vida humana, mostrando-a associada
aos momentos de alegria e de tristeza, às práticas
de trabalho e do quotidiano, às manifestações
do misticismo e da religião, à luta política
contra a opressão, e até mesmo na guerra, como instrumento
de combate ao militarismo e à tirania. Por esse aspecto,
é livro único.
JOÃO CARLOS TEIXEIRA GOMES analisa
ainda os principais recursos usados na elaboração
da poesia, a função da rima, da estrofe, o prestígio
do decassílabo, o apogeu e o declínio do soneto, o
uso do verso livre e o papel das vanguardas, munido de documentação
que resulta de colheita pessoal exclusiva.
Já os sonetos, de temática variada,
e sobre cuja elaboração o autor também discorre,
incluem-se numa tradição que Teixeira Gomes iniciou
com Ciclo Imaginário, doze sonetos dedicados aos meses
do ano (Salvador, Arpoador, 1975). Entre a sua produção
poética destacam-se, igualmente, O Domador de Gafanhotos
(Salvador, Fundação Cultural da Bahia,1976) e A
Esfinge Contemplada (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1988).
Como crítico literário, publicou
Camões Contestador (Salvador, FCE, 1978) e A Tempestade
Engarrafada (Salvador, Empresa Gráfica, 1995). Contista,
é de sua autoria O Telefone dos Mortos (Rio de Janeiro,
Nova Fronteira, 1997). Lançou também o romance histórico
Assassinos da Liberdade (Salvador, Assembléia Legislativa
da Bahia, 2008) e a biografia Glauber Rocha, esse vulcão
(Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1997), com prefácio de João
Ubaldo Ribeiro.
Jornalista profissional, editorialista e editor-chefe
do Jornal da Bahia, um de seus livros nacionais de maior
repercussão foi o relato da luta que travou, por seis anos,
contra o então governador baiano Antônio Carlos Magalhães,
durante a ditadura militar, expressa com detalhes em Memórias
das Trevas (São Paulo, Geração Editorial,
2001). Por essa obra em defesa da liberdade de imprensa –
autêntico libelo contra o atraso político da Bahia
e do Brasil – ganhou o apelido de “Pena de Aço”.
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