AS DUAS ESPANHAS E O BRASIL
Guillermo de La Dehesa
Presidente do Instituto de Empresa de Madri e ex-Secretário
de
Estado de Economia da Espanha na gestão de Felipe González
O livro de Tarcísio Costa é
de enorme interesse pela análise profunda e bem documentada
que faz das relações entre a Espanha e a América
Latina e, especialmente, dos vínculos com o Brasil. Por ter
acompanhado o tema no exercício de função pública
e, mais tarde, também no setor privado, estou convencido
de que o traço que distingue as relações entre
a Espanha e o Brasil é seu forte amparo nos respectivos setores
privados. Isto sem prejuízo dos vínculos cada vez
mais estreitos nas áreas política e social, até
porque as relações são vistas por ambos os
governos como “política de Estado”, traduzida
em ampla agenda bilateral e multilateral.
Não causa surpresa o rumo tão promissor
que se delineia nos laços entre os dois países. As
economias do Brasil e da Espanha hoje estão entre as doze
maiores do mundo. Em 2007, o Produto Interno Bruto brasileiro, em
termos de paridade de poder de compra, foi o décimo do mundo,
e o da Espanha, o décimo segundo. Em valor de mercado, ocuparam
posições invertidas, já que o euro se havia
valorizado em relação ao dólar mais do que
o real.
O Brasil e a Espanha necessitam um do outro,
e de maneira crescente. A tendência, de fato, é que
as relações ganhem em ritmo e amplitude, muito por
conta do que se espera do Brasil. O país pode ser, em 2050,
a quarta potência mundial, logo após China, Estados
Unidos e Índia, superando a Alemanha antes de 2030 e o Japão
até 2040. Estará situado também à frente
de México, Rússia e Indonésia.
Felicito o autor pela forma clara e sólida
com que expõe as distintas fases da política exterior
da Espanha nos últimos cinquenta anos, e o impacto dessa
evolução nos laços com o Brasil.
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